HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

PRIMEIRA REPÚBLICA E A REVOLUÇÃO DE 1930.
A Proclamação da República não representou uma ruptura radical com o passado, a estrutura fundiária e exportadora permaneceu intacta e os trabalhadores da cidade permaneceram sem direitos, também as reivindicações operárias eram tratadas com violência policial; os trabalhadores do campo não possuíam acesso à terra.
É estabelecimento do voto universal masculino, ou seja, somente os homens poderiam votar. Além das mulheres, não podiam votar: menores de 21 anos, mendigos, padres, soldados e analfabetos.
Educação e obstáculos.
Com as condições materiais precárias decorrentes do insuficiente financiamento do ensino, as reformas não se implantam, de fato, devido à falta de infraestrutura e de apoio das elites (a oligarquia do café), avessas a qualquer renovação cultural.
Três mentalidades pedagógicas estavam delineadas:
Tradicionalista; 2. Liberal; 3. Cientificista. As duas últimas correspondiam ao espírito moderno que se expressa no laicismo do Estado, da cultura e da educação.
A Cientificista: A mentalidade cientificista de orientação positivista, declarando-se adepta da completa “desoficialização” do ensino, acabou por converter-se em um obstáculo à realização da ideia de sistema nacional de ensino.
A Liberal: Na mesma direção comportou-se a mentalidade liberal que, em nome do princípio do Estado não tem doutrina, chegava a
advogar o seu afastamento do âmbito educativo.
A Educação na República Velha (1889-1930)
A Constituição republicana de 1891 reafirma a descentralização do ensino atribuindo à União (Governo Federal) a incumbência da educação superior e secundária; e aos Estados é reservando o ensino fundamental e profissional, possibilitando à cada um organizar suas instituições escolares. Isso impede a existência de um sistema nacional de ensino.
O ensino secundário, privilégio das elites, permanece acadêmico e preparatório voltado para a preparação para o curso superior e humanístico, apesar dos esforços positivistas para reverter esse quadro.
As poucas escolas públicas existentes nas cidades eram frequentadas pelos filhos das famílias de classe média. Ao longo da Primeira República o ensino permaneceu praticamente estagnado, o que pode ser ilustrado com o número de analfabetos em relação à população total, que se manteve no índice de 65% entre 1900 e 1920.
O surgimento dos grupos escolares.
Instituição dos grupos escolares (1892): criados para reunir em um só prédio de quatro a dez escolas (classes).
Uma escola era uma classe regida por um professor que ministrava o ensino elementar a grupo de alunos em níveis ou estágios diferentes de aprendizagem em que escolas isoladas não eram seriadas, os grupos escolares eram.
Algumas reformas educacionais durante a República Velha:
- Reforma Benjamin Constant (1890);
- Código Epitácio Pessoa (1901);
-Reforma Rivadávia Correa (1911);
- Reforma Carlos Maximiliano (1915);
- Reforma João Luiz Alves/Rocha Vaz (1925), todas elas ainda na Primeira República (1889-1930).
A crise da República Velha
Cenário de crise:
-Militares/Movimento tenentista;
-Oligarquias dissidentes;
-Crescimento da burguesia industrial com interesses econômicos divergentes com os das oligarquias;
-Classes médias urbanas interessadas em ampliar seu espaço político e descontente com os rumos da orientação econômica.
-Movimento operário (anarquistas - 1900/20 - e comunistas - 1922 em diante)
- Políticas de valorização dos produtos agrícolas e superprodução cafeeira agravada pela quebra da bolsa de Nova York;
- Eleição presidencial de 1930 e quebra do acordo entre São Paulo e Minas.
A revolução de 1930 e a Era Vargas.
1. Governo Provisório – 1930/1934
2. Governo Constitucional – 1934 / 1937.
3. Estado Novo – 1937 / 1945.
A educação na Era Vargas
Com início do período de industrialização que exigia uma qualificação dos trabalhadores é criado o Ministério da Educação em 14 de novembro de 1930 como o nome de Ministério da Educação e Saúde Pública.
Outros acontecimentos:
- Reforma Francisco Campos (1931)
-Conselho Nacional de Educação (órgão consultivo);
-Estatutos das universidades brasileiras;
-Organização do ensino secundário;
-Reestabelece o ensino religioso nas escolas públicas (aliança do Estado com a Igreja Católica);
-Organiza o ensino comercial.
Manifesto dos Pioneiros, 1932.
A educação é apresenta como o principal problema a ser resolvido. “Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade a educação”.
Nem os problemas econômicos são mais importantes...
Princípios: FUNÇÃO PÚBLICA DA EDUCAÇÃO; ESCOLA ÚNICA, LAICIDADE, GRATUIDADE, OBRIGATORIEDADE E CO-EDUCAÇÃO.
A escola seria um instrumento de seleção dos mais capacitados com objetivo de formar a elite intelectual segundo as aptidões naturais de cada um.
O manifesto defende a “unidade de formação de professores e a unidade de espírito”. A formação deve ser elevada ao nível superior e incorporada às universidades.
A igreja católica reage defendendo a incorporação legal do ensino religioso (facultativo nas escolas públicas).
Para os católicos, o Estado deveria subordinar-se às instituições naturais (família) e sobrenaturais (Igreja), a laicidade seria um atentado contra a ordem “natural” e “divina”.
Reforma Capanema
-Defendia um ensino industrial e secundário (1942);
-Comercial (1943);
-Ensino normal, primário e agrícola (1946).
As reformas propostas por Capanema possuíam o caráter centralista, dualista, separando o ensino secundário, destinado às elites, do ensino profissional, destinado ao povo conduzido e concedendo apenas ao ramo secundário a prerrogativa de acesso a qualquer carreira de nível superior.
Referências:
SAVIANI, Dermeval. Histórias das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2008. p. 166-275.
O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Disponível em http:WWW.histedbr.fae.unicamp.br/revista/edições/22e/doc1-pdf.
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