quarta-feira, 17 de junho de 2015




A EDUCAÇÃO NO SETECENTOS
(1701-1800)

Século XVIII
                          Cenário histórico
A modernidade:Considerações Gerais
A burguesia ocupara, até então, posição secundária na estrutura da sociedade aristocrática, cujos privilegiados são a nobreza e o clero. Os nobres sustentados por pensões governamentais levam vida parasitária na corte, com isenção de impostos e o benefício de serem julgados por leis próprias.
A burguesia enriquecida pelos resultados da Revolução Comercial se encontra, no entanto, onerada com a carga de impostos e, embora tendo ascendido economicamente pela aliança com a realeza absolutista, se ressente do mercantilismo, cada vez mais bloqueador da sua iniciativa. Em 1750, com a entrada da máquina a vapor nas fábricas marca o início da Revolução Industrial, que altera definitivamente o panorama socioeconômico com a mecanização da indústria.
 A Revolução Industrial muda não somente os modos de produção, mas também os modos de vida dos homens, deslocando-os dos antigos para os novos assentamentos e transformando, junto com os processos de trabalho, também suas ideias e sua moral e, com elas, a forma de instrução.
À medida que a burguesia se fortalece, surgem as sementes do liberalismo, perceptíveis nas críticas no excessivo controle estatal da economia e no questionamento da legitimidade do poder real.
O século XVIII
É conhecido como Século das Luzes, do Iluminismo e da Ilustração. Luzes significam, aí, o poder da razão humana de interpretar e reorganizar o mundo. O descobrimento  dos novos mundos coloca em crise a redescoberta do mundo antigo.
O ideal educacional dos iluministas está no reconhecimento em grau máximo da razão humana.

Escolas cristãs, católicas e reformadas: o velho e o novo se misturam.
Manacorda, por meio da apresentação de trechos dos regulamentos das escolas, propõe historicizar o funcionamento das escolas no século XVII.

a)      Entrando em uma escola cristã:
          Manacorda exemplifica através de trechos de regulamentos a organização da escola. (p. 228 e seguintes)
1.     Disciplina e horários;
2.     As refeições;
3.       Organização e divisão das lições (ensino de ler).
4.        Além do Saltério (livro dos Salmos), era introduzido um novo elemento no aprendizado da leitura e escrita: “papéis ou pergaminhos escritos a mão, que se chamam Registros (escrita comercial) .
5.        Na mesma classe estudavam, de acordo com o nível de progressão, alunos de diversas “lições”: lições de adição, subtração, multiplicação e divisão.
6.        Ensinava-se também a ortografia por meio da cópia de cartas escritas, especialmente de temas que eram entendidos como úteis aos jovens.
7.        Havia uma preocupação em preparar para o ofício.
8.        Manacorda encontrou também recomendações morais: não se aproximar da companhia das meninas, bem como não permitir que dois fossem ao banheiro ao mesmo tempo.
9.        Formas de correção dos alunos:
9.1 Advertências por palavras;
9.2 Férulas (palmatória);
9.3 Chicote;
9.4 Expulsões do aluno
10.   Manacorda demonstra como as orientações sugeriam moderação nos castigos físicos, mas em determinados casos, devem ser feitas em público para causar terror nos alunos. Separação didática, organizacional e cultural, entre o ler e o escrever.
11.   O ler concerne essencialmente ao ensino religioso (Sagradas escrituras);
12.   O escrever concerne a uma técnica especificamente material, que exige cuidados especiais e é voltado para o ofício.
A pedagogia dos letrados.
O cenário é marcado pelo prevalecimento cada vez maior do interesse pelas artes reais e mecânicas ligadas aos novos modos de produção.
O latim já não aparece como língua universal aos usos e às exigências do mundo moderno, a partir do momento que as grandes línguas nacionais se consolidam. 

As luzes e os letrados
A Enciclopédia:
Coordenada por D'Alembert e Diderot, "Encyclopédie" foi elaborada entre 1751 e 1765.
Se o conhecimento devia passar a ser a nova máxima, então era necessário compilar e tornar acessível todo o saber gerado pela ciência. A partir de 1751, os filósofos franceses Denis Diderot (1713-1784) e Jean-Baptiste Le Rond d'Alembert (1717-1783) se impuseram essa tarefa
Para Jean-Jacques  Rousseau (1712-17780)
Nossa maneira pedante de educar é sempre a de ensinar às crianças o que aprenderiam sozinhas, e esquecer  o que somente nós lhes  poderíamos ensinar.
A primeira educação deve pois ser puramente negativa. Não consiste, absolutamente, em ensinar a virtude ou a verdade, mas em garantir o coração contra o vício, e o espírito contra o erro.
Não se conhece absolutamente a infância: com base nas falsas ideias que temos dela, quanto mais se avança, tanto mais se erra. Os mais sábios baseiam-se naquilo que o homem adulto precisa saber, sem considerar aquilo que a criança tem condições de aprender. Procuram sempre o homem na criança, sem pensar naquilo que ele era antes de ser homem. (Rousseau apud Manacorda, 1996, p. 243)

Em Rousseau encontramos:
  1. Rejeição do método catequético;
  2. A exclusão dos estudos especulativos;
  3. A necessidade de ensinar não muitas coisas, mas coisas úteis, não as ciências, mas o gosto de cultivá-las.
  4. Valorização da experiência;
A escola estatal
Surgem as escolas Estatais, mantidas pelo Estado, onde era ensinado da história ás ciências natural, visando a formação da inteligência.
 Pensava-se em uma passagem total da instrução da Igreja para o Estado, a qual a Igreja foi contra, mas não teve forças para reagir e a educação passou a ser assunto estatal.
Ainda não se trata de uma educação igual para todos. As proposições e iniciativas apresentam uma escola diferenciada.  Segundo Filangieri:
O agricultor, o ferreiro, o artesão etc., destinado a servir à sociedade com seus braços, não precisam senão de uma fácil e breve instrução” (Filangieri apud Manacorda, 1996, p. 247)

Revoluções  da América e da França.
Na segunda metade do século XVIII assiste-se ao desenvolvimento da fábrica e, contextualmente, à supressão, de fato e de direito, das corporações de artes ofícios.
As leis que criam a escola de Estado vêm juntas com as leis que suprimem a aprendizagem corporativa (e também a ordem dos jesuítas)
Na América (EUA), no momento da revolta dos colonos ingleses contra a metrópole e independência, as autoridades locais assumem publicamente as exigências reformadoras do iluminismo. Thomas Jefferson, em nome dos direitos “naturais” do homem, e convictos de que a liberdade exige um povo com certo grau de instrução, solicitam uma “cruzada contra a ignorância”. O programa propunha uma escola elementar para todas as crianças.  As melhores seriam selecionadas para os níveis superiores.
A Igreja e a Revolução na Itália.
Embora a Igreja católica apresentasse forte resistência aos novos propósitos educacionais, alguns membros da hierarquia católica mostraram-se abertos para algumas ideias presentes no cenário educacional. No entanto, a Revolução Francesa reavivou o combate contra as ideias iluministas
O caráter desigual também continua presente.
“A maior felicidade de uma república não seria, talvez, ter todos os cidadãos filosofando: isto poderia ser prejudicial às artes de primeira necessidade, porque eliminaria aquela divisão de profissões e ofícios que constituem a variedade e a beleza das sociedades civis.” (Galdi apud Manacorda, 1996, p. 255)

Entre o Setecentos e o Oitocentos
O ensino mútuo.
Nos anos da Revolução Francesa vinha afirmando-se na Inglaterra uma nova iniciativa educacional, promovida por particulares: o chamado “ensino mútuo” ou “monitorial”, no qual alguns adolescentes instruídos diretamente pelo mestre, atuando com variedade de tarefas como auxiliares ou monitores, ensinam por sua vez outros adolescentes, supervisando a conduta deles e administrando os materiais didáticos.
“O sistema é destinado a diminuir as despesas da instrução, a abreviar o trabalho do mestre e a acelerar os progressos dos alunos”.
O ensino mútuo apresentava características de uma disciplina militar-industrial. A competição era o princípio ativo dessas escolas.

Johan Heinrich PESTALOZZI  (1746-1827)
Elaborou os métodos de uma educação que pensando em regenerar a sociedade e assegurar a todas as crianças o desenvolvimento moral e intelectual, direito e herança naturais.
Uma educação perfeita é para mim simbolizada  por uma árvore plantada perto de águas fertilizantes.
 A educação do homem é um resultado  puramente moral. Finalidade da educação: a humanização do homem,  o desenvolvimento de todas  as manifestações da vida humana, levada à maior  plenitude e perfeição.
As relações domésticas da humanidade são as primeiras e mais excelentes relações da natureza.
Pestalozzi queria que fosse dada a criança uma formação religiosa, que deveria ser apreendida, sobretudo pela via do sentimento: entre a fé religiosa e o amor aos pais existe uma continuidade. “[...] reconhece constantemente o valor da educação religiosa; só que, para ele, sem caráter dogmático e confes­sional: sua religiosidade é antes amor, aspiração ao aperfei­çoamento, que submissão a seita ou dogma.

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